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Internação de cães: sim ou não? Quando fazer?

Como protetora de animais, estou acostumada a levantar questões polêmicas e que muitas vezes vão contra “o sistema” para proteger os mais fracos, independente do que pensam os mais fortes, sejam órgãos, leis ou a maioria das pessoas.
Meu lema é simples: “Não faça para os outros o que não quer para você” Na dúvida é só se colocar no lugar de quem está na situação.
Esta não é apenas uma dica, mas um alerta grave que nunca se fala por ética veterinária (um vet nunca fala do serviço do outro vet). Aprendemos isso na faculdade. Logo que entrei, no primeiro ano, tive aula de ética e esta foi uma das primeiras aulas dadas!
Vamos lá:
A internação deve ser feita em “último caso!”
Sabe porque?
Porque por melhor que seja o hospital veterinário, ele não terá nem um décimo do que teria com você. O conforto que seu pequeno tem com você, na caminha dele e com as coisinhas dele, a atenção que você dará a ele, a comidinha que você fará para ele (como uma canjinha, por exemplo) e principalmente: o amor e carinho que você dará a ele. Na internação ele ficará numa gaiola de aço fria (pois os vets não podem correr riscos de fuga ou de algum acidente), sem carinho (os vets não conseguem dar muito carinho pois tem outros pacientes), com pessoas estranhas que o machucam e o fazem engolir coisas de tempos em tempos (é para o bem dele mas ele não entende o que fazem direito entendem apenas que sentem dor e mal estar), normalmente com dor (os analgésicos nunca tiram a dor totalmente), entre outras coisas que variam de caso a caso. Em um estado de doença isso tudo conta muito para uma boa recuperação, pois o sistema imunológico é diretamente ligado ao sistema emocional, ao stress, à depressão, ao medo, à ansiedade. Num lugar assim e passando por isso tudo cai muito a chance de recuperação, mesmo com medicamentos e soro na veia, injeções e remédios orais.
Tive experiências na prática, infelizmente, levando a óbito e também felizmente levando à vida.
A minha cachorra da foto chama Nanook. Levei ao hospital com falta de ar e ela estava com liquido no pulmão e drenaram 3,5 litros apenas do pulmão direito. Ela sobreviveu porque estava tranquila, em casa, respirava tranquilamente e sem medo.
Após drenagem, descobriram o tumor no pulmão e insistiram demais para que ficasse internada. Para observação e soro além de radiografia e exames clínicos logo cedo. (Poderia trazê-la bem cedinho).Meu marido cedeu à insistência e voto vencido fiz um teste. Colocamos a Nanook numa gaiola espaçosa, limpa e arejada. Em menos de 15 min a língua começou a ficar roxa devido a respiração desesperada e coração batendo rápido, só por estar alí, e quem percebeu?? EU! Quando eu estava saindo e vendo pagamento (que fica bem caro e é onde normalmente a clínica ganha mais). E eu estava pagando justamente a observação… nós conhecemos melhor nossos filhos e suas reações! A tirei imediatamente dalí e na rua ela já estabilizou. Era medo. Iria literalmente “morrer de medo”.
A Nanook foi para casa e tranquila passou bem. Muito bem. Tive que assinar um termo de responsabilidade para tirar ela de lá. Assinei sem medo. Mesmo que morresse, morreria na casa dela, com os pais dela, na caminha dela e não sozinha, com medo, gente estranha e numa gaiola fria. A única coisa que teria que fazer seria levar-la na clínica várias vezes ao dia, para exames e se piorar ir imediatamente (a clinica tem que ser necessariamente perto, máximo 15min)
Em casa ela melhorou rapidamente.
Nem parece que tem algo no pulmão. Chegou a pegar o patinho de pelúcia e chamar pra brincar. Tivemos que contê-la para que ficasse de repouso. Comeu bem a canjinha que eu fiz com muito amor. Tomou toda a medicação que seria na veia e subcutânea via oral (apenas não esqueci do protetor gástrico e tb desta maneira a absorção é mais lenta). Dormiu do meu lado com muito carinho e atenção somente pra ela (inclusive toda a madrugada.)
Então, se você é como eu e pode dar a atenção e cuidado que seu filho precisa quando ficar doente, quiserem deixa-lo internado com insistência, não se apavorem, pensem racionalmente e perguntem ao vet: “Quais medicamentos ele vai tomar?”, “Estes medicamentos tem como serem dados via oral dando um protetor gástrico antes?”, “Porque ele está no soro? Ele está desidratado? Posso dar água de côco em casa e trazê-lo aqui para aplicar o soro invés de deixá-lo internado?” “As injeções que ele está tomando tem necessidade ou podem ser substituídas por remédios orais? Quantas vezes ao dia ele vai tomar estas injeções? Posso trazê-lo aqui para tomar as injeções invés de deixa-lo internado?” Deixem apenas se a resposta for SIM para alguma destas perguntas mesmo depois de vc “insistir” (sempre insista! São bem reticentes e às vezes o SIM não é SIM e o remédio pode ter similar humano ou vice versa).
Para os que precisam trocar curativos é prestar bastante atenção em como estão o machucado e como o médico faz. Pergunte tudo que está passando para comprar. Pode ser que tenha em farmácia humana ou veterinaria. E pergunte se pode fazer em casa e como fazer ou se pode trazê-lo à clínica para as trocas e inclua todas as perguntas anteriores se necessário. Sempre acompanhem tudo que conseguirem! Insistam ao máximo para ficar junto. Você conhece bem o seu cachorro. Sabe como ele é respirando, o olhar, o cheiro do hálito e poucas mudanças como a língua menos rosadinha são coisas que a família enxerga melhor e os vets não saberão. Aconteceu com a Nanook.
Acharam que a língua dela estava normal e eu insisti que não estava. Auscultaram e nada ouviram mas estava arroxeando e tiraram mais 250mls do pulmão.
Ah! E se prepararem para caras feias, respostas ríspidas ou grossas. Os médicos irão odiar todas estas perguntas e ainda mais quando vc não quiser deixa-lo internado.
Mas quem tem medo de cara feia? Cara feia pra mim é fome!
Permaneçam com seus filhos. Eles são sensitivos. Muito mais do que imaginamos.
Tenham pensamentos bons e muita energia positiva além de tooodo o carinho do mundo que a chance dele melhorar logo é imensamente maior!
Beijos a todos
Cris

Amada Nanook que passou seus últimos dias com sua família, na sua caminha, quentinha, com muito carinho e segurança, até chegar a hora de realmente partir.
01/07/2009 – 01/05/2020

 

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